O governo do estado do Amapá faz discursos para a mídia, onde diz se orgulhar de ser o estado mais preservado do Brasil. Seu argumento se baseia nas 19 Unidades de Conservação do nosso estado e mais 5 Territórios Indígenas, que estão legalmente protegids, e correspondem a 70% do território amapaense total. (mostrado no mapa ao lado)
Apesar de tais informações parecerem animadoras e mostrarem que o Amapá cumpre seu papel na preservação da biodiversidade da Amazônia, quem tem a oportunidade de conhecer a realidade dessas áreas protegidas, percebe que na prática, estamos longe de sermos um estado que cuida, preserva e repeita seu meio-ambiente... Do que adianta preservar no papel, aquilo que na prática, está abandonado pelo poder público?
Como amapaense, bióloga e pesquisadora ambiental, vejo nossas florestas (as que constituem UC´s ou não) estarem sendo derrubadas indiscriminadamente; várias mineradoras entram no estado para destruir nossa cobertura vegetal, cicatrizar e poluir nossas terra, com NENHUM retorno efetivo para a sociedade do nosso estado; ONG´s estrangeiras (de intenções duvidosas) estão invadindo nosso estado e ganhando liberdade -e apoio- para fazerem o que bem entendem; nossos cerrados e florestas estão sendo considerados "um lugar que não serve para nada", sendo substituídos por monoculturas; o parque zoobotânico está abandonado pelo poder público há 10 anos (e sinceramente, se não fosse pelo trabalho da diretora do parque, Debora Veloso, não sei o que seria dos animais lá residentes); na mesma triste situação encontra-se o CETAS; vejo a falta de apoio à RPPN REVECOM, que é a única reserva do Amapá que realmente cumpre um papel sócio-ambiental, e que se não fosse pelo trabalho e investimento financeiro de Dr. Paulo e sua família, já teria também se perdido; o IEPA está sucateado; nossas áreas de ressaca estão sendo ateeradas e destruídas, e nosso povo perde cada vez mais suas origens culturais... Nosso governo está mais preocupado em organizar eventos festivos do que cuidar de nossa biodiversidade!
O que será que faz nossos governantes acharem que realmente estão realizando um bom trabalho? Sinceramente, eu não sei...
Já que o Amapá se comprometeu em cumprir um papel "ecologicamente correto", então que o poder público assim o faça!!!
O governo do estado precisa parar de apenas discursar e começar, enfim, a praticar!!!
O povo do Amapá já está cansado de sua realidade precária!
Precisamos sair dessa inércia político-social que estamos vivendo, para formar massa crítica, e começar a perceber e se opor ao que está acontecendo. Não podemos e não vamos nos conformar com esse descaso governamental!
Nossas Unidades de Conservação estão abandonadas à sua própria sorte!
Não há proteção e manutenção dessas áreas!
Não há investimento em pesquisas!
Não estão sendo realizados devidos trabalhos de apoio e assistência à população residente e em torno dessas UC´s!
Enfim, todo e qualquer descaso que pode ser imaginado, realmente ocorre nessas áreas!
Então, chegamos às pergunta revoltantes:
"Do que adianta ter o estado mais conservado do mundo se o mesmo não está sendo protegido, monitorado e recebendo devida assistência?!?"
"Que tipo de orgulho a população amapaense pode sentir de seu estado, quando faltam recursos para nossa saúde, educação, segurança, meio-ambiente, mas somos obrigados a ver -vergonhosamente- o governo gastar quantidades incestuosas e milionárias com a escola de samba Beija-flor?!? "
Enquanto isso... Em 2003, na cidade de Durban, na África do Sul, ocorreu o maior fórum global sobre áreas protegidas. Nesse evento estava presente o governador do Amapá, Waldez Góes, que recebeu o prêmio "Líderes para um Planeta Vivo" e foi super homenageado pela sua preocupação com a preservação da Amazônia e proteção de sua fauna e flora (hum???).
Se a RPPN REVECOM (que representa apenas 17 dos 6.498.945 hectares de áreas protegidas do Amapá, e ainda está localizada na área urbana de Santana) está passando por dificuldades financeiras para sua manutenção, e ainda é desvalorizada pelo poder público; se locais como o CETAS e zoobotânico (onde percebe-se grandes esforços das equipes gestoras) estão sucateados e abandonados pelo poder público; se nossas APA´s e ressacas são destruídas pelas ações antrópicas; se não temos um batalhão ambiental cumprindo seu dever de maneira efetiva; então, de que adianta nosso governador ser condecorado e homenageado?!?
***Que palhaçada...
Mas pensem nisso: os palhaços são nossos governantes ou somos nós? Pois afinal, não estamos em uma democracia? Ou será a política do pão-e-circo (agora bolsa família-e-festas) do século XXI?
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